O conhecimento é, sem dúvida, a chave para a evolução humana. As bibliotecas representam e sempre tiveram papel de destaque na preservação e na disseminação do conhecimento ao longo do tempo. Assim, as bibliotecas públicas tem papel de destaque no fomento à cultura e aos saberes em geral. Um equívoco comum é associar as bibliotecas a um espaço de depósito de livros e documentos velhos. Antes, a biblioteca pública é uma instituição de grande valor para a sociedade, podendo trazer contribuições importantíssimas para a formação, desenvolvimento e preservação histórica e cultural da população e da sociedade como um todo. Como dito em artigo publicado na ocasião do X Encontro Regional de Biblioteconomia na Universidade Federal de Góias “A biblioteca deve ser vista como um centro disseminador de cultura e educação, que tem aptidões para o desenvolvimento de práticas leitoras, além de possibilitar a discussão de questões referentes a problemas locais e informações referentes a serviços públicos de maneira geral”.
Na fotografia acima, (possivelmente de 1981) podemos ver um registro da antiga Biblioteca Pública de Extremoz. O registro é do acervo particular da professora e escritora, Simone Souza, que tinha apenas sete anos na ocasião. Ela é a garotinha de óculos do lado direito da mesa. Cedida gentilmente para essa publicação. Segundo, informou a partir das suas memórias, a foto foi feita por ocasião do aniversário do então prefeito, Wellington Ribeiro. Na imagem é possível ter uma ideia do espaço, das estantes e de parte do acervo que compunha a biblioteca. Na parte superior da fotografia, apesar do desgaste do tempo, ainda é possível ver a placa com o nome e a data da inauguração (ilegível) do local. Pessoas que tiveram a oportunidade de frequentar ou trabalhar na biblioteca poderiam fornecer mais informações sobre a sua desativação.
O prefeito, Wellington Ribeiro e o vice Daniel Pinheiro, governaram a cidade de Extremoz, entre os anos de 1978 e 1982. Segundo informações do jornal Diário de Natal, em sua edição nº 10.184 do dia 18 de novembro de 1976, uma quinta-feira, o então representante do partido da ARENA, Wellington Ribeiro, havia vencido as eleições municipais com 1.233 votos contra 1.007 votos do candidato do MDB.
Fonte: Diário de Natal, 1976, edição de 18/11/1976
Como explicar que uma cidade como Extremoz, tão rica em história e cultura, não tenha um espaço para guardar, expor e preservar a memória da cidade? A única explicação que consigo encontrar é o descaso com a memória e com os que fizeram parte dessa história.
A biblioteca pública de Extremoz funcionava ao lado do atual prédio da câmara municipal. Não sabemos com precisão o seu período de funcionamento. Não é fácil encontrar pessoas que chegaram a frequentar ou trabalhar na Biblioteca, nem mesmo fotografias, talvez, esquecidas nas gavetas de moradores mais antigos. Era chamada Biblioteca Pública Municipal José Cortez Pereira. Homenageando o ex-governador do estado, primeiro a ser indicado pelo regime militar (1971-1975).
Segundo alguns moradores mais antigos, que entramos em contato, tudo indica que, ela deve ter funcionado entre meados dos anos setenta e o final dos anos 90, a informação não pode ser confirmada com exatidão. Entramos em contato com a secretária municipal de educação e cultura de Extremoz solicitando as informações sobre a desativação da biblioteca, mas até o momento dessa publicação não tivemos resposta.
Em relação ao acervo da biblioteca, até o momento, não conseguimos saber – com certeza – o seu destino. Alguns dizem que o acervo teria sido doado para alguma escola do município, mas não conseguimos confirmar qual teria sido.
Se não temos clareza sobre o seu inicio e tempo de funcionamento, igualmente misteriosa foi a sua desativação. Qual o motivo que leva a desativação de uma instituição que guarda o saber, a memória e a cultura como uma biblioteca? Quem poderia oferecer respostas para esse questionamento, afinal.
Olhando para nossos vizinhos é impressionante o grau de conservação e cuidado nos prédios públicos e históricos que abrigam suas bibliotecas municipais. Tive o prazer de visitar algumas, recentemente, como a de Cearamirim, fundada ainda em 1945 e responsável por grande agitação cultural na cidade, inclusive com espaço exclusivo para crianças. A de Macaíba que está situada em prédio histórico ainda do final do século XIX abriga a biblioteca municipal Auta de Souza desde meados dos 1990. Homenageando a grande escritora e poetisa potiguar de projeção nacional. A biblioteca de Parnamirim, recentemente, ganhou uma nova sede com espaço para lançamento de livros, entrevistas, acervo em braile, bíblias em outros idiomas e um pequeno auditório para realização de eventos. Talvez, seja sonhar muito imaginar uma Biblioteca Pública de Extremoz homenageando, por exemplo, nossa poetisa, Àurea de Góis, como fez Macaíba. Enquanto isso, assistimos nossa história e cultura cair em ruínas. No caso da biblioteca, nem mesmo ruínas.
Foto: Leandro Soares
Foto: Leandro Soares
Fonte: YouTube / Notícias da Cidade – Parnamirim