Li em algum lugar que quem não conhece sua história corre o risco de ser nômade em seu próprio território. Conhecer implica, também, construir uma identidade, criar laços de afetividade e, sobretudo, um sentimento de pertencimento a uma determinada localidade ou lugar. Isso posto, pensar o patrimônio histórico apenas como legado que precisa ser valorizado e preservado não é suficiente. Antes, é necessário se apropriar desse patrimônio, ter consciência de sua importância cultural, das memórias, do reconhecimento desse passado na construção da nossa própria identidade enquanto indivíduos. Ou seja, o cuidado e a preservação seriam expressões desse processo.
Talvez, a falta de reconhecimento e de identidade cultural possa explicar, em parte, tamanho abandono e deterioração que muitos monumentos se encontram em nosso estado. Casarões antigos em ruínas, palácios abandonados, igrejas depredadas, prédios históricos em meio a escombros e muito locais de importância histórica, ainda desconhecidos por muitos. Infelizmente, esse cenário de abandono não é exclusividade dos chamados patrimônios materiais (construções físicas), os patrimônios imateriais como as danças e músicas populares, as lendas, culinária e muitas tradições também são pouco a pouco apagadas da memória das novas gerações.
Assim, é possível notar que, mais eficiente que cobrar a uma determinada comunidade a valorização ou preservação de bens culturais existentes em seu entorno e muitas vezes desconhecidos, é procurar estabelecer essa relação de pertencimento e construção de identidade com o lugar. Nesse sentido, ações educativas que busquem conscientizar e despertar o sentimento de pertencimento em relação ao nosso patrimônio histórico e cultural são fundamentais. A educação patrimonial pode ser um aliado importante nesse processo. Pois só a educação tem o poder de transformar e construir esses vínculos de identidade em meio a tanto abandono e esquecimento histórico.
Recentemente esse tema foi discutido em uma mesa redonda por ocasião de uma Exposição Virtual desenvolvida por estudantes do Ensino Médio da Escola Estadual Almirante Tamandaré em Extremoz. A atividade consistiu em um breve inventário participativo sobre o patrimônio histórico e cultural de Extremoz. Trecho do evento e o Mural Virtual podem ser conferidos no link abaixo.
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Professor da Rede Estadual de Educação. Graduado em História e Filosofia pela UFRN. Mestrado em Filosofia Política, Pós-Graduado em Ensino de Filosofia e Literatura pelo IFRN.