“Natal e a Região Metropolitana estão com a assistência de saúde colapsada e já estamos transferindo doentes para Mossoró, Caicó e Pau dos Ferros. Indago a vocês, vamos deixar o colapso chegar a todo o estado?”.
A frase é da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), que admitiu nesta quinta-feira (25) que a Grande Natal entrou em colapso no sistema de saúde.
A afirmação foi feita na tarde desta quinta pela gestora durante o encerramento do ciclo de reuniões com os prefeitos e secretários de saúde dos 167 municípios para tratar da efetivação das medidas emergenciais de enfrentamento à Covid-19 e ações do Pacto pela Vida.
Durante essas reuniões, Fátima Bezerra cobrou medidas mais restritivas dos municípios para que o cenário não se repita em todo o estado e afirmou que atual quadro é resultado do comportamento social daqueles que não respeitaram as recomendações sanitárias.
“Agora a conta chegou e estamos articulando os prefeitos para que as medidas sanitárias e protetivas sejam efetivadas, pois são eles que têm a competência legal para disciplinar o funcionamento do comércio e serviços. E o momento exige, com urgência, adoção de medidas mais restritivas”, disse.
A Grande Natal atualmente está com 90% de ocupação dos leitos críticos, segundo a plataforma Regula RN, que monitora as internações em tempo real. O Rio Grande do Norte tem 88% de ocupação. A consulta foi realizada às 17h30 desta quinta-feira (25).
Há atualmente na Grande Natal 27 pessoas na fila no aguardo de leitos semi-intensivos e de UTI, sendo que apenas 19 estão disponíveis.
Durante a reunião desta quinta-feira, a governadora disse ainda que solicitou uma audiência com o ministro da Saúde, Eduardo Pazzuelo, para tratar da abertura de novos leitos de UTI para o combate à pandemia do novo coronavírus no estado.
Apesar disso, reforçou que apenas a abertura de novos leitos não será suficiente. “Vamos continuar expandindo. Mas não vamos iludir a população que salvaremos vidas somente abrindo leitos ou receitando comprimidos que não tem eficácia comprovada”, falou a governadora.
O estado bateu novamente nesta quinta-feira o recorde de pacientes em leitos críticos, com 416 pessoas internadas com o agravamento da doença. O número mais alto atingido na primeira onda havia sido de 363 pessoas, em 28 de junho.
Somado com os leitos clínicos, são 741 pacientes internados – também o maior número já visto durante toda a pandemia. Na primeira onda, o máximo atingido foi de 692.
Segundo o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), 100% dos leitos críticos na rede privada em todo o estado estão ocupados.
Alguns pacientes não têm conseguido sequer ser internados. Nesta quinta-feira, uma idosa de 93 anos precisou ser intubada dentro da ambulância depois de ficar cinco horas sem receber atendimento em um hospital particular.
VIA: G1RN