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Fundaj revisita trajetória da potiguar Nísia Floresta, em evento online nesta quinta-feira (25), a p

No século 19 uma peça teatral do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen chocou a sociedade com o final ‘inusitado’, em que a protagonista larga os deveres domésticos para ir em busca de si. Neste mesmo período, longe dos palcos da quinta arte, uma brasileira também revolucionava sua realidade pondo fim a limites impostos.

A potiguar Nísia Floresta Brasileira Augusta é reconhecida como a primeira feminista do País. De seu nascimento, em 1810, para cá, mais de dois séculos se passaram. A luta, entretanto, segue completamente atual. É sobre a história da educadora, escritora e poetisa a segunda edição da série Grandes Personalidades do Nordeste desta quinta-feira (25), às 17h, no canal do Youtube da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).

“É importante discutir estes personagens pela sua própria importância. Mas, também, pela necessidade de que a região se estude e compreenda mais. Cada fenômeno e grande personagem que fez a nossa história e continuam influenciando o interesse pela cultura. Mesmo os mais controvertidos, refletem esta história e o modo de ser nosso”, afirma o diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundaj, Mario Helio Gomes, —responsável pela idealização do ciclo de palestras digitais.

Com o tema ‘Nísia Floresta, patrimônio e memória intelectual nordestina’, o evento recebe a professora hispânica Laura Sánchez, biógrafa e tradutora de Nísia Floresta. Em um intercâmbio cultural, a doutoranda em Sociedade, Cultura e Fronteiras retoma aspiração pela história da revolucionária brasileira.

“A minha maior motivação na pesquisa sempre foi recuperar memórias de personalidades intelectuais que fizeram diferença e preservá-las. Para o meu mestrado, queria pesquisar sobre uma mulher do Brasil e encontrei Nísia. Quando terminei a dissertação, os professores da banca me aconselharam a escrever um livro sobre o assunto”, conta Sánchez.

Nascida em Papari, no Rio Grande do Norte, Nísia Floresta aos 23 anos havia publicado um livro e passado por dois casamentos — o que não era comum à época. Em “Direitos Das Mulheres e Injustiça Dos Homens” (1832), a autora potiguar colocava em evidência a própria personalidade e opções existenciais. Mas não parou por aí. Ao longo da vida, escreveu outras 14 obras, hoje prestigiadas mundialmente.

Nos títulos, defendeu os direitos das mulheres, dos índios e dos negros. Fortemente influenciada pelo filósofo Augusto Comte, pai do positivismo — com quem conviveu em viagens à Europa —, Nísia reconhecia as mulheres como importantes figuras sociais, dotadas de uma identidade fundamental para o crescimento das sociedades e muito além do contexto doméstico

Mesmo perseguida por autoridades, ela levantou o primeiro colégio de meninas no Rio de Janeiro, o Augusto. Saiu do seu amado Nordeste pela falta de reconhecimento e morou na Europa durante 30 anos”, continua a biógrafa

Nascida em Papari, no Rio Grande do Norte, em 1810. Ainda jovem, Nísia Floresta casou com 13 anos, passou por um divórcio, o que não era comum na época e publicou seu primeiro livro com 22 anos, Direitos das mulheres e injustiça dos homens (1832).

Ganhou repercussão após lançar a obra onde defendia os direitos da mulher a manifestar uma vida intelectual nos espaços públicos. Como educadora, Nísia ensinava a leitura e escrita em três idiomas, matemática, música e dança, mas também as ciências naturais e sociais.

Em artigo publicado no ano de 1831, escreveu: “Por que [os homens] se interessam em nos separar das ciências a que temos tanto direito como eles, senão pelo temor de que partilhemos com eles, ou mesmo os excedamos na administração dos cargos públicos, que quase sempre tão vergonhosamente desempenham?”.

Além das atividades voltadas à educação, Nísia Floresta colaborou com vários órgãos da imprensa, como o Jornal do Brasil, Correio Mercantil, Diário do Rio de Janeiro e Brasil Ilustrado. Faleceu na França, no dia 24 de abril de 1885. Hoje o município onde nasceu recebe o seu nome em homenagem.

“É preciso lembrar que Nísia foi a presença feminina mais importante em mais de um século. Tem um papel de pioneirismo indiscutível. No entanto, hoje, muitos só conhecem a cidade Nísia Floresta e não a razão por assim ser chamada. As grandes qualidades dela como personalidade do Nordeste, as obras literárias que publicou e seu engajamento social àquela época. Para intermediar o encontro e as perguntas do público, a jornalista Lady Lima assume a mediação.

Sobre a palestrante Laura Sánchez nasceu em Barcelona, na Espanha. É professora de História e Escrita Científica e Doutoranda em Sociedade, Cultura e Fronteiras. Mestra na mesma linha com ênfase na linha de Território, História e Memória. Licenciada em Letras Português/Espanhol e respectivas Literaturas. Licenciada em História. Autora dos livros: Lastanosa: história e memória do intelectual e Holotecário do século XVII e Nísia Floresta: memória e história da mulher intelectual do século XIX, com co-autoria da potiguar Rute Pinheiro.

De Canudos à pedra de Delmiro Gouveia Já sua estreia na última quinta-feira (18), o Grandes Personalidades do Nordeste apontou um bom índice de audiência e participação. Na palestra sobre Lampião, com o historiador Frederico Pernambucano de Mello — autor de Guerreiros do sol: o banditismo no Nordeste do Brasil (1983) —, foram quase 500 views ao longo da transmissão.

“Não nos surpreende que tenha despertado o interesse das pessoas, no sentido de que Lampião é um dos que mais atrai a atenção no País; assim como Frederico, que é o grande especialista no assunto. Foi muito bom o nível da palestra e que o resultado de público tenha sido proporcional a isso. Não esperávamos que em tão pouco tempo tamanha adesão”, revelou o diretor da Dimeca, Mario Helio Gomes.

Programada para sete encontros, a série convida outros especialistas para esplanar a vida de nomes como Antônio Conselheiro (9/07), Padre Cícero Romão (16/07), Delmiro Gouveia (23/07) e Zumbi dos Palmares (30/07). Bem como suas contribuições para o desenvolvimento e a história de uma das regiões mais diversas do Brasil. Na próxima semana, será a vez da médica alagoana Nise da Silveira, responsável pelo progresso da psiquiatria no País.

Confira a programação para não perder:

02 de julho — Nise da Silveira (falta subtítulo) Com a cineasta e psicanalista Isabela Cribari e a médica oncologista Cristiana Tavares

09 de julho — Antônio Conselheiro: o revolucionário conservador om o historiador José Nivaldo Jr, da Academia Pernambucana de Letras

16 de julho — Padre Cícero: (falta subtítulo) Com o jornalista cearense Gilmar de Carvalho, especialista em cultura popular

23 de julho — Delmiro Gouveia: a trajetória nada ortodoxa de um industrial sertanejo Com o doutor em Educação Edvaldo Nascimento e biógrafo

30 de julho — Zumbi dos Palmares: de insurgente a herói nacional Com a socióloga Delma Josefa da Silva, editora-geral da revista Interfaces de Saberes

Serviço: Grandes Personalidades do Nordeste: Nísia Floresta, com Laura Sánchez Dia: 25/06/2020 Horário: 17h Transmissão no canal da Fundação Joaquim Nabuco do YouTube

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